terça-feira, 3 de junho de 2014

TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO CORRE O RISCO DE FICAR PARA 2016



Um representante do Ministério da Integração Nacional admitiu à BBC Brasil que existe a possibilidade que a obra de transposição do rio São Francisco, cuja previsão de conclusão é de até 2015, só termine em 2016. Frederico Meira, Coordenador Geral de Acompanhamento e Fiscalização de Obras do Ministério da Integração Nacional, fez a afirmação em Salgueiro, cidade no sertão pernambucano, durante a realização de uma série de reportagens sobre a obra.
Meira disse que o prazo de conclusão para dezembro de 2015 é “factível e real”, mas admite que pode haver mais atrasos. “Vamos dizer que a gente tenha um nível de chuva, como que a gente teve neste ano, no próximo ano. Se a gente mantiver, certamente compromete o ritmo da obra”, disse. Questionado se as obras poderiam então se arrastar para 2016, reconheceu o risco. “Pode acontecer, mas num intervalo pequeno de um, dois ou três meses, não mais do que isso. Mas infelizmente pode acontecer”, afirmou.
Lançada em 2007, as obras da transposição devem levar água a 12 milhões de nordestinos, segundo as previsões oficiais. O primeiro prazo dado pelo governo foi ousado – 2010. Mas os obstáculos encontrados pelo caminho acabaram atrasando as obras e mostraram que transpor o sertão era uma empreitada muito mais complexa do que se previa.
Na Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, o pesquisador João Suassuna, um dos críticos mais ácidos da transposição, diz que “os atrasos mostram falta de planejamento do governo”. “Havia outras opções mais baratas à transposição. Mas nesse momento eu só posso torcer pelo sucesso da transposição, depois de tantos bilhões gastos”, diz.
A previsão de custo inicial era de R$ 4,8 bilhões. Quando for concluída, a transposição terá custado aos cofres públicos mais de R$ 8 bilhões. Maior obra de infraestrutura hídrica do país, a transposição do São Francisco é uma obra chave para o governo, que refuta críticas de que a água pode ir parar em grandes fazendas, beneficiando o agronegócio. Segundo o Ministério da Integração Nacional, a prioridade é o consumo humano e animal. A água está programada para chegar a 23 açudes e 27 reservatórios e vai, ainda, abastecer rios que hoje ficam secos em boa parte do ano. O objetivo é garantir a segurança hídrica do semiárido, com represas cheias mesmo em tempo de seca.
Fonte: Blog do Marcos Dantas

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