Durante quase toda a vida a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Infantil Varela Santiago, em Natal, foi a casa da pequena Débora, de 3 anos. Diagnosticada com um tipo de distrofia muscular, a menina deixou o lar aos 3 meses e precisa de ventilação mecânica para sobreviver. A dependência do ambiente hospitalar levou a família à Justiça. Depois disso, foi conquistado o direito ao serviço home care – que garante toda a estrutura para o paciente ser atendido em casa. O tratamento será pago pelo Estado do Rio Grande do Norte. "Para mim está nascendo hoje. Achava que ela nunca ia sair daqui", diz a mãe, Maria da Conceição da Silva, que deixa as visitas diárias ao hospital para cuidar da filha em casa.
Apesar de não mover as pernas e precisar de ventilação mecânica, Débora mexe os braços, sorri, faz birra e até interage piscando os olhos. "O que nos surpreende é que Débora tem a cabeça normal de uma criança de três anos. A distrofia não evoluiu e as funções cognitivas não foram afetadas", explica e pediatra intensivista Patrícia Lizandro. Quando chegou ao hospital com nove meses, a criança passou por exames, que foram enviados para São Paulo para análise. Os resultados indicaram que de fato Débora sofre de uma distrofia. O fato de interagir com todos fez da menina um 'xodó' da UTI.
Foi com choros e sorrisos que aconteceu na noite desta quarta-feira (23) a despedida de Debinha, como ficou conhecida no Hospital Infantil Varela Santiago. Do caminho do leito que ocupava na UTI até a porta da ambulância que a levou para casa, a menina foi cumprimentada por diversos funcionários do hospital. "Todos estão com uma sensação de dever cumprido. O ambiente hospitalar não é adequado. Aqui ela corre risco de infecção, como já aconteceu, e vê outras crianças doentes, morrendo", reforça Patrícia.
Além de recorrer à Justiça, para tirar a filha da UTI, Maria da Conceição precisou comprar um apartamento que comportasse os equipamentos necessários para a ventilação mecânica. A casa em Nova Parnamirim, na Grande Natal, foi trocada por um apartamento no bairro Santa Tereza, também em Parnamirim, onde Débora enfim poderá morar com a mãe e o pai, que trabalha como porteiro. Uma equipe formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeuta e nutricionista acompanhará a menina diariamente.
Fonte: G1 RN
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