sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Seca histórica muda paisagens no RN e faz sertanejo querer ir embora

                                                 AÇUDE GARGALHEIRAS
                                                  AÇUDE GARGALHEIRAS
                                                          AÇUDE ITANS
                                                  RUÍNAS DE SÃO RAFAEL
                                 BARRAGEM ARMANDO RIBEIRO GONÇALVES
                                                  RUÍNAS DE SÃO RAFAEL
                                                  RUÍNAS DE SÃO RAFAEL
                                 CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE OITICICA
CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE OITICICA

A mais longa estiagem dos últimos 100 anos no Rio Grande do Norte está mudando hábitos e transformando paisagens interior a dentro. Reservatórios secaram, cachoeiras desapareceram e o verde da vegetação ganhou tons de cinza. O solo rachou, animais morreram, plantações foram dizimadas. Os prejuízos, somente no ano passado, somam R$ 3,8 bilhões. E o sertanejo, que sofre com escassez, agarra-se à fé. As previsões para o ano que vem não são boas. Um reservatório com obras atrasadas e a transposição do rio São Francisco, que sequer tem data para chegar ao território potiguar, são as soluções apontadas pelos governantes. 
Ruínas da antiga São Rafael, inundada durante a construção do maior reservatório do Rio Grande do Norte, tornaram-se atrações turísticas. A 'Atlântida do Sertão', como foi apelidada a velha cidade, ressurgiu por causa da longa estiagem que atinge o estado. As águas baixaram tanto que revelaram o que restou de alguns dos prédios encobertos há mais de 30 anos pelas águas da barragem. A igreja e o cemitério estão lá. Na época, segundo o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), 730 famílias tiveram quer ser reassentadas em um ponto mais alto do município. 
Dos 167 municípios do estado, 153 estão em estado de emergência pela falta de chuvas. Destes, 122 são abastecidos por caminhões-pipa. Em onze cidades, que se encontram em colapso no abastecimento, o fornecimento de água está comprometido e a Compahia de Águas e Esgotos (Caern) suspendeu a cobrança das faturas. A maior barragem do estado, a Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, já atingiu o volume mais baixo de sua história. Nas regiões afetadas tem gente que só pensa em ir embora. 
Para ver de perto os efeitos da seca, equipes do G1 e da Inter TV Cabugi percorreram aproximadamente 1.400 quilômetros. Durante cinco dias foram visitadas 19 cidades nas regiões Seridó e Oeste do estado. Em Acari, Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos, João Dias, Luís Gomes,Paraná, Pilões, Riacho de Santana, São Miguel e Tenente Ananias o colapso no abastecimento faz os moradores dormirem mal, angustiados com a escassez. E é preciso levantar cedo para enfrentar as filas em busca de alguma água. Já em Apodi, Caicó, Itajá, Jucurutu, Lucrécia, Parelhas, Pau dos Ferros e São Rafael, é o nível baixo das barragens que preocupa. 
As respostas para o homem do campo são ruins não apenas quanto à possibilidade de uma mudança no clima, mas também em razão das soluções apresentadas pelos governos federal e estadual. A construção da barragem de Oiticica, apontada como salvação para meio milhão de sertanejos, segue a passos lentos. 
Em Acari, no Seridó, o espetáculo das águas sumiu. A última sangria do açude – que é quando as águas passam por cima da parede formando uma gigantesca cascata artificial – aconteceu em 2011. De lá para cá o reservatório vem perdendo água. Hoje, está com apenas 0,2% de sua capacidade total. Mesmo assim, ainda atrai muita gente. Os visitantes vão ao local para contemplar a desolação. 
Em Caicó, o fornecimento de água acontece na forma de rodízio. Cada bairro da cidade só recebe água uma vez por semana. O açude Itans, que abastece o município, está quase seco. O reservatório chega a armazenar 81 milhões de metros cúbicos de água, mas com menos de 4% da capacidade total já entrou no volume morto. 
Quem também pensa em fugir da seca é a dona de casa Alzirene Oliveira, de 57 anos. Ela mora em Antônio Martins, que fica na região Oeste. A cidade é uma das onze que está em colapso no abastecimento. “Isso não é vida. Vou embora pra Natal. Se não voltar a chover logo, arrumo minhas tralhas e vou tentar coisa melhor na capital”, afirmou. 
Em Antônio Martins, a zona rural é abastecida pelos caminhões-pipa do Exército. Já na área urbana da cidade, a Caern faz o fornecimento. Segundo o pipeiro João Batista, são cinco veículos contratados pela companhia. "Cada carro faz cinco viagens por dia.
Fonte: G1 RN

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